Todos temos direito as nossas próprias opiniões, direito nosso. O que não temos direito é de ter nossos próprios fatos, reinventar fatos para dar uma narrativa romântica a partir de meias verdades é temerário. As mentiras mais talentosas são as
que tem raízes em meias verdades.
O documentário
Democracia em Vertigem, sem dúvida nenhuma expressa um enorme talento da
cineasta Petra Costa. As cenas são brilhantes, as imagens da votação do
impeachment ficaram muito bem colocadas, o roteiro do filme foi muito bem
feito. Em síntese demonstra o enorme do talento da cineasta.
Por outro lado, é um
erro histórico comparar o golpe de 1964 com o impeachment da Dilma, não existe
qualquer paridade que permita esta comparação. Em 1964 tivemos sim um golpe a
democracia, mas em 2016 tivemos um processo constitucional de impeachment com o
respaldo do Supremo Tribunal Federal. O ministro Ricardo Levandowski, que presidiu a
votação, foi indicado pelo Lula, assim como a maioria da corte constitucional
àquele tempo.
Para qualificar o
impeachment de “golpe” é preciso fazer um esforço ideológico superlativo. Como
também é preciso ignorar o fato histórico do Partido dos Trabalhadores ter
pedido o impeachment de todos os presidentes eleitos após a redemocratização do
Brasil.
E não é só, o documentário
ignora o fato de que o Partido dos Trabalhadores tenha imiscuído com o grupo
político mais corrupto do PMDB, tentando isentar historicamente os petistas de
terem adotado um processo corrupto de proporções incalculáveis até então no
Brasil. Foi o PT que colocou o Temer na linha sucessória da Presidência da República
e junto com ele sua gangue.
Geddel Vieira Lima, por exemplo, o homem dos 52 milhões achados
no apartamento pela Polícia Federal, foi Ministro do governo petista. O governo
petista teve 18 ministros indiciados pelos mais diferentes crimes de corrupção.
Nossa democracia não é
perfeita, mesmo sendo cotidianamente ameaçada e mesmo tendo inúmeros defeitos. Não concordo que ela esteja em vertigem, quem está em vertigem é o PT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário